quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

QUARESMA: COMO PERDOAR TAL OFENSA?

Ilustrando:  Uma pessoa de nome desconhecido, estava passando numa rua totalmente desconhecida, e uma mulher que nunca descobriu-se quem era, tirou seu guarda chuva de dentro de sua bolsa e começou a desferir golpes de “guardachuvadas” no pobre.    Falou mal e proferiu alguns impropérios, diante do desconhecido todo “enguardachuvado” deu-lhe as costas e saiu.
Pergunta: Esse homem que apanhou até não poder mais, sendo conhecido dessa mulher. Mesmo sem saber por que apanhou, deve procurá-la e pedir perdão?
Outra: Dois homens vinham conversando pela rua, não se sabe nem importa o assunto, quando um deles de forma repentina partiu com um soco “prá dentro” do queixo do outro, pegou o caminho contrário e saiu gritando que estava indo, pois não queira perder mais a cabeça. O agredido ficou pasmo, boquiaberto e com o queixo doendo, não entendeu nada.
Pergunta: Teria o agredido que pedir perdão pelo seu queixo ser tão duro e talvez ter machucado a mão do agressor?
Última: Uma irmã da igreja percebe que a outra passa por ela já algum tempo, sem cumprimentá-la e quando pode desvia o caminho. Ela tem absoluta certeza que não fez nada com essa irmã para que a evite.
Pergunta: Deve a irmã, digamos “desprezada”, pedir perdão por “coisa nenhuma” a outra?
Ah! Ser humano. Coisa mais difícil é pensar com o pensamento de Deus.  É perguntar a si mesmo, o que será que eu posso ter feito, mesmo que eu não saiba ou não tenha percebido para levar “guardachuvadas”, soco no queixo ou ser desprezada?
Seria tão mais fácil se olhássemos no espelho e perguntássemos para nós mesmos: Quem sou eu que não possa errar sem perceber? Quem sou eu que não possa ter falado algo que ofendeu meu irmão e não lembrar?  Quem sou eu que não dou atenção aos meus irmãos devidamente a ponto de fazê-los sentirem-se desprezados? Que dono da verdade sou eu que não reflito no que ouço e saio como um tanque de guerra atropelando todo mundo dizendo o que penso ou fazendo minha soberana vontade? Quem sou eu que me escondo na timidez e introspecção e depois quero cobrar  das pessoas atenção? Ai, quem sou eu, quem sou eu, quem sou eu!!!!
Verdade seja dita, a Bíblia não diz que temos que ir ao irmão ofensor e pedir perdão.  Afinal você  “não fez nada!!!”  Aliás, você nunca faz nada, não é verdade?  E é por esse motivo que seria absolutamente desnecessário e insano pedir perdão!
Veja o que diz a Palavra de Deus em três versões diferentes:

 "Se o seu irmão pecar contra você vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. (Nova Versão Internacional)
“Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;”(Almeida Atualizada)
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;” (Almeida Corrigida)

Então eu não tenho que pedir perdão! (você diria para mim) Eu não  fiz nada!  Nem a Palavra de Deus ensina isso!

Quem sou eu?
 Cada um de nós nasce com um temperamento. Não vamos nos aprofundar na área científica, mas é simples de entender. Somos diferentes uns dos outros.  Reagimos de forma diferente a cada situação, que pode ser a mais simples, a mais inocente...
Vamos recordar a primeira história de violência da humanidade? A passagem em que Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, demonstram seus temperamentos:
3 - E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4 - E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
5 - Mas para Caim e para a sua oferta não atentou.(a) E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.(b)
6 - E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7 - Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
8 - E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.
9 - E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?  Gênesis 4: 3 a 9

Dá para perceber que Abel era bondoso, que se alegrava em ofertar e que oferecia o que tinha de melhor. Caim demonstra não ter escolhido o seu melhor para dar a Deus. Como alguém que não se importa em dar o melhor a Deus que o criou vai se importar com o próximo? (v. 3 a 5a). No v. 5 parte b, fica claro o temperamento de Caim! Irou-se e seu semblante logo demonstrou seu descontentamento, seu ódio, seu furor, sua indignação! No v.7 Deus o repreende e ensina a ele como deveria proceder. Deus nos ama, mas não aceita nossos pecados.  O certo seria dar a melhor oferta para Deus, o que Caim não fez. E Deus mostra a ele o procedimento correto: “E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. Domínio próprio, o que muitos de nós não tem. (veja o texto
No v. 8 vemos a atitude de Caim, mesmo tendo ouvido o próprio Deus falar com ele:  mata seu próprio irmão. E no v. 9, mais traços da personalidade de Caim; dissimulado, debochado, desrespeitoso com Deus, que dirá com outras pessoas. Ter sido o primeiro assassino da história da humanidade, foi o resultado do seu temperamento descontrolado, impulsivo, desobediente e da sua falta de amor ao próximo.

Muitas vezes nos achamos corretos em nossas ações, olhamos uma situação somente por um ângulo e estamos errados sim.  Isso sem contar que às vezes você fala algo, que a seu ver não vai ofender ou atingir ou melindrar o outro e é exatamente o que acontece.
Relacionamento com outra pessoa é coisa muito delicada.  Acontece na família, com parentes, com casais, com amigos e com pessoas conhecidas; que convivemos no trabalho, na igreja, na academia, ou em qualquer lugar onde se estende nosso convívio social.
Pensamos em alguns momentos que podemos nos sentir mais íntimos, mais à vontade com alguém com quem convivemos e às vezes a recíproca não é verdadeira.  Existe um ditado que diz “O seu melhor amigo tem sempre um melhor amigo”.
Precisamos nos lembrar que a Palavra de Deus não deve ser aplicada por versículos isolados.  Estamos tratando de relacionamento, compreender o outro, de amar o próximo!  Vamos recordar o que falamos no texto passado:
"Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo” 22:37-39

E preste atenção a esse alerta de Deus:
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos..., tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas... dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado se não tiver amor, nada disso me valerá.”I Co 13:1 a 3
O mais importante é amar!  E amar consiste em ver o bem do outro!
Para ver o bem do outro, é necessário ser paciente, bondoso, não invejar, não se vangloriar, não maltratar fisicamente ou com palavras, não tirar proveito do outro visando seus interesses próprios, não se irar com facilidade, por qualquer motivo, não se alegrar com a injustiça e sim com a verdade.
Para amar, é preciso ser paciente e bondoso, esperar por qualquer coisa e suportar. O amor nunca perece. (retirado dos versículos de I Co 13: 4 a 7)

Exercitar praticando a Palavra de Deus no nosso dia a dia, é fazer a vontade de Deus.
Você não é obrigado a pedir perdão a alguém que lhe atacou com um guarda chuvas ou deu um soco no seu queixo, mas deve ir até ele, só entre vocês e perguntar o que houve, o que poderia ter ocorrido para que a pessoa agisse dessa forma agressiva com você.
Precisa saber por que a irmã não lhe cumprimenta mais ou qualquer questão não esclarecida. Será que inconscientemente você passou por ela na rua e não a cumprimentou?  Será que você disse-lhe algo que a ofendeu sem perceber?
Muitas vezes falamos coisas que ofendem o outro, pois não conhecemos a vida íntima das pessoas, nem o que se passa em sua mente.  Tem pessoas que não gostam de “brincadeiras”.  Faz parte da criação dela, e precisamos perceber o limite do outro.  Tem pessoas que trazem consigo traumas, históricos de agressão, de rejeição e se ofendem com facilidade!  São sensíveis! Nesse caso, devemos conversar com a pessoa para saber o que a deixou irada ou triste com você

Mas eu não sou psicólogo!...Como vou saber do limite de cada um?

“A boca do justo profere sabedoria; a sua língua fala o que é reto.” Sl 37:30

Como ter sabedoria?
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” Pv 9:10

Peça a Deus!  Busque a sabedoria do alto! Tenha intimidade com o Espírito Santo que habita em cada um de nós! Ore e vigie sua boca!  Pense antes de falar!  Tenha uma postura mais formal com aqueles que não são íntimos no seu relacionamento. Não se esqueça que o fato de conviver no trabalho, na igreja, na escola; as vezes por horas seguidas  quase todos os dias, não o torna íntimo de uma pessoa.
Para encerrar, não quero que você deixe de ser natural, espontâneo, sociável.  Apenas observe melhor as pessoas  que estão ao seu redor  e exercite a moderação  e o discernimento.
Com carinho,
Soraya Barros




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