domingo, 7 de abril de 2019

ABRIL, MÊS DA CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO.

O TEXTO E VÍDEO, TAMBÉM OS LINKS ABAIXO, FORAM COPIADOS NA ÍNTEGRA, DE UMA MATÉRIA QUE ESTÁ NO FACEBOOK, A DISPOSIÇÃO PARA COMPARTILHAR

POR Thamiris Stefani


https://www.facebook.com/thamiris.stefani/videos/2148027171989918/UzpfSTEwMDAwMTc1MTM4MDk2MzozMDYwNjExMjk0OTk0MTQ6MTA6MDoxNTU2NjkzOTk5Oi02MTg4MzA2ODY2MTk2MjQ0OTA3/

Abril é o mês da CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO

Obs. Pessoal, eu estava respondendo a todos os comentários mas não estou mais conseguindo pois tem sido muitos. A maioria perguntando sobre a suplementação que eu comentei no vídeo. Eu expliquei tudo com detalhes no texto abaixo. Leiam o texto! É longo mas vale a pena.

Vou aqui relatar sobre diagnóstico precoce, causas e tratamento. (LEIAM O TEXTO ABAIXO)

Link do vídeo no youtube: 
https://www.youtube.com/watch?v=YC8pdmjtFYc

Principais sintomas de autismo em crianças MENORES de 2 anos:

- Não olhar quando é chamado
- Não obedecer a comandos simples como "pegue aquilo"
- Não usar o dedo indicador para apontar, pedir ou mostrar
- Atraso na fala ou regressão na fala
- Pouca ou ausência de interação social
- Pouco ou ausência de contato visual

Ao perceber algum(s) desses sintomas, procure um neuropediatra ou psiquiatra infantil.

Causas do autismo:

Tenho pesquisado e me inteirado sobre as pesquisas científicas mais recentes sobre as causas do autismo, e vou fazer um breve resumo de tudo que tenho encontrado até agora (no final estão links de referência com artigos científicos): 
Obs. Já tinha escrito esse texto há um tempo atrás, mas acrescentei informações importantes, então se já leu, leia novamente.

A causa do autismo atualmente é dada como um conjunto de fatores genéticos e ambientais. Porém, são feitos muitos estudos de mapeamento genético de DNA de autistas e não encontram genes defeituosos em comum que justifique o autismo ter uma causa exclusivamente genética. Estudos feitos com gêmeos idênticos em que um é autista e o outro não apontam para que os fatores ambientais tenham muito mais peso na causa do autismo. Mas que fatores ambientais?
Notou-se que crianças autistas muito comumente apresentam problemas gastrointestinais (alergias alimentares, refluxo, e/ou problemas de intestino muito solto ou muito preso). Fiz uma pesquisa no grupo de pais de autistas do Facebook do qual faço parte perguntando se os filhos deles apresentam problemas gastrointestinais, e fiquei impressionada com as respostas: cerca de 70% respondeu que sim. Meu filho mesmo tem alergia ao leite de vaca e o intestino dele sempre foi solto.
Pois bem, os cientistas começaram a pesquisar que relação o autismo pode ter com o intestino. Fizeram exames de fezes em crianças autistas, e em crianças neurotípicas (neurotípica significa a criança com funcionamento "normal" do cérebro, ou seja, não têm autismo), com mapeamento genético para descobrir as espécies de bactérias presentes nas fezes. Descobriram alterações importantes na microbiota fecal de autistas (espécies de bactérias). Encontraram bactérias dos gêneros desulfovibrio, clostridium, entre outras em fezes de crianças autistas, e em crianças neurotípicas não. E o interessante foi que em autistas severos a quantidade dessas bactérias "ruins" era maior. Alguns estudos também tem encontrado o fungo Candida albicans nas fezes de crianças autistas. Essa alteração na composição da microbiota intestinal se chama disbiose. De que forma a disbiose pode estar provocando os sintomas de autismo nas crianças?
Algumas bactérias provocam a secreção de uma substância no intestino chamada zonulina. Essa substância aumenta o espaçamento entre as células intestinais (afrouxam as tight junctins). Dessa forma, substâncias grandes que não seriam absorvidas pelo intestino, passam para a corrente sanguínea livremente por entre essas junções. É a chamada permeabilidade intestinal. Isso pode provocar as alergias alimentares. Por exemplo, a molécula de caseína (proteína do leite) passa pra corrente sanguínea e o sistema imunológico reage contra essa molécula estranha.
Uma substância chamada propionato tem tido estudada e estão aparecendo relações com os sintomas de autismo. O propionato é uma substância resultante do metabolismo das bactérias, mas também é uma substância muito utilizada na indústria alimentícia e em padarias como conservante, principalmente em alimentos do tipo pães, bolos, biscoitos, bolachas.
Foi feito um experimento científico em que o propionato foi injetado em ratos de laboratório, e os mesmos começaram a apresentar sintomas típicos de autismo: ausência de interação social e movimentos repetitivos.
Além disso, outro fator importantíssimo nos sintomas de autismo são o glúten (proteína do trigo) e a caseína (proteína do leite). Peptídeos resultantes da digestão do glúten e da caseína (chamados peptídeos opióides, por se ligarem a receptores opióides no cérebro) são absorvidos pelo intestino permeável e conseguem chegar até o cérebro, causando inflamação cerebral e provocando alterações sensoriais, entre outros sintomas. Foram feitos exames de urina em crianças autistas em que foram encontrados os peptídeos opióides na urina em concentração muitíssimo maior do que em crianças típicas, ou seja, o intestino permeável de crianças autistas permite que essas substâncias cheguem à corrente sanguínea. E com certeza inúmeras outras substâncias tóxicas que não seriam absorvidas por um intestino saudável, passam a ser absorvidas por um intestino permeável.
Em adultos também acontece a disbiose, porém os sintomas não são tão intensos quanto em crianças, pois o cérebro já está formado. Mas os sintomas em adulto incluem depressão, ansiedade, e até mesmo esquizofrenia. A disbiose também está ligada ao aparecimento de doenças auto-imunes. 
Há estudos que também estão relacionando a microbiota fecal da mãe (quando gestante) e o nascimento de crianças com autismo. A permeabilidade intestinal da mãe pode permitir que substâncias tóxicas sejam absorvidas e interfiram no desenvolvimento cerebral do feto. Talvez seja essa a diferença entre o autismo clássico e o regressivo.
E fatores genéticos: existem predisposições a problemas intestinais, por exemplo, o fator mais importante é a deficiência na sulfatação, que provoca a permeabilidade intestinal mesmo sem a alteração na microbiota. Portanto a pessoa pode aparentemente não ter nenhum problema intestinal, pode não ter nenhuma alergia alimentar, e mesmo assim ter o intestino permeável que absorve substâncias tóxicas. Deficiência na produção de enzimas digestivas também podem contribuir para sintomas de autismo, levando à baixa absorção de vitaminas e nutrientes essenciais ao funcionamento do cérebro. Alterações metabólicas ou hormonais também podem potencializar os sintomas de autismo.
Existem casos de aparecimento súbito de sintomas que podem ser decorrentes de uma infecção bacteriana: é o caso dos chamados PANS/PANDAS, que muitas vezes são confundidos com autismo. Mas não vou detalhar esse assunto porque como não é o caso do meu filho, não me aprofundei nesse conhecimento. 

Será que existe uma outra causa do autismo? Provavelmente sim, pois o autismo muitas vezes vem acompanhado de outras comorbidades, como epilepsia, deficiência intelectual, etc. Então é possível que causas genéticas também estejam associadas nesses casos. Mas a grande maioria dos casos os problemas intestinais podem ser a única causa dos sintomas de autismo. Muitas crianças saem do espectro com o tratamento (para isso é importantíssimo o diagnóstico precoce, quando o cérebro ainda apresenta alta neuroplasticidade, ou seja, alta capacidade de formar terminações nervosas novas. Ainda há muito a se descobrir, mas acredito que a ciência finalmente está indo pro lado certo dessa vez. 
O tratamento do autismo atualmente se baseia em terapias multidisciplinares para ajudar a criança a desenvolver habilidades de comunicação/socialização.
Quero deixar aqui registrado como é importante cuidar da saúde intestinal da criança para tratar as possíveis causas do autismo. Restringir leite, glúten e alimentos industrializados para que o cérebro não seja mais danificado com seus metabólitos tóxicos e possa desinflamar e se regenerar. É comum a seletividade alimentar em crianças autistas, e é justamente o vício do cérebro nesses peptídeos opióides que provoca essa seletividade (além de causas sensoriais). Vinícius mesmo era seletivo e a seletividade sumiu ao retirar todo glúten (o leite já não consumia por ser alérgico). Existem crianças que ficam muito agitadas após retirar abruptamente o glúten e leite da dieta, pois passam por uma verdadeira síndrome de abstinência. A retirada pode ser gradual. 
As bactérias boas são "alimentadas" por fibras. Portanto uma alimentação rica em frutas, legumes, verduras e grãos integrais é muito importante.
Usar probióticos (que são suplementos com bactérias boas) e ômega 3 (suplemento importantíssimo no tratamento do autismo) ajudam no equilíbrio da microbiota intestinal.
Seria importante também fazer um exame para ver se a criança apresenta alguma deficiência de vitaminas e minerais (ex. magnésio) e, se necessário, suplementar.
A maioria das crianças tem resultados surpreendentes com essas medidas. Estudos científicos comparando crianças autistas sob dieta (sem glúten, sem caseína e com suplementação) contra crianças sem esse tratamento têm tido resultados muito animadores!
Depois de um tempo fazendo esse tratamento, nos casos de disbiose, (não posso precisar quanto tempo, pode variar de criança pra criança) o intestino pode recuperar o equilíbrio da microbiota intestinal e a permeabilidade intestinal vai se "curar", então poderá haver a reintrodução de alimentos que contenham glúten, caseína e açúcar.

Thamiris Stefani

Alguns links de fontes:

https://www.nature.com/articles/s41380-018-0330-z

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29562612

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21410934

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6351640/

https://link.springer.com/artic…/10.1007%2Fs11910-018-0887-6

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/30251184/…

http://cogentbenger.com/…/inte…/emma-allen-vercoe-interview/

https://vimeo.com/79418104

https://www.google.com/…/autismocons…/gluten-e-autistas/amp/

http://www.curtamicro.com.br/phone/autismo.html

https://noticias.bol.uol.com.br/…/transplante-de-fezes-redu…

https://www.dratiellemachado.com.br/…/Um-novo-fator-no-Trat… Tratável

https://www.essentialnutrition.com.br/…/omega3-intestino-sa…

Livro "Autismo: Esperança pela Nutrição"
Instagram da Dra Tielle Machado e da Nutri Cláudia Marcelino

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